A verdade sobre a sucessão apostólica à luz da Bíblia

A verdade sobre a sucessão apostólica à luz da Bíblia e Reforma

Quem realmente foi o primeiro líder da Igreja?

Muita gente já ouviu dizer que o apóstolo Pedro foi o primeiro papa. Mas será que essa história se sustenta à luz da Bíblia e dos registros históricos mais antigos da fé cristã?

A sucessão apostólica segundo a Reforma propõe uma leitura diferente. Sem atacar nossos irmãos católicos, o objetivo aqui é lançar luz sobre a verdade bíblica e patrística que inspirou os reformadores. O que eles descobriram pode transformar o modo como vemos a autoridade da Igreja hoje.

 

O que é sucessão apostólica?

A sucessão apostólica é a ideia de que os apóstolos passaram sua autoridade espiritual diretamente a bispos, formando uma linha ininterrupta de liderança — especialmente ligada a Pedro em Roma. A tradição católica sustenta que o papa é sucessor direto de Pedro, que teria sido o primeiro bispo de Roma.

Mas os reformadores protestantes questionaram essa interpretação à luz das Escrituras e da história da Igreja. Para eles, a autoridade apostólica estava vinculada à fidelidade ao evangelho — e não a uma cadeira eclesiástica.

 

A verdade sobre a sucessão apostólica à luz da Bíblia e Reforma

 

A Bíblia fala em sucessão apostólica?

Os reformadores não encontraram nenhuma base bíblica para uma sucessão papal da forma como ela foi construída. Pedro, embora figura central, nunca foi apresentado como cabeça suprema da Igreja.

Em Atos 15, no Concílio de Jerusalém, quem toma a palavra final é Tiago, não Pedro (At 15.13-19 – NVI). Isso indica uma liderança colegiada, e não centralizada em uma única pessoa.

Além disso, Paulo afirma:

“Porque ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo.” (1Co 3.11 – NVI)

Ou seja, Cristo é o fundamento da Igreja, não Pedro.

 

O que disseram os Pais da Igreja?

Mesmo os primeiros bispos e escritores cristãos não sustentavam a ideia de um papado como conhecemos hoje. Veja alguns exemplos:

Clemente de Roma (fim do século I)

Clemente, considerado o terceiro bispo de Roma, escreveu uma carta à igreja em Corinto onde fala da importância da ordem na igreja — mas não reivindica autoridade suprema sobre as demais igrejas.

Irineu de Lião (180 d.C.)

Em Contra as Heresias, Irineu lista os bispos de Roma até seu tempo, mostrando preocupação com a preservação da doutrina correta, não com a sucessão como garantia automática de autoridade.

Tertuliano (160-220 d.C.)

Em seus escritos, Tertuliano chegou a confrontar os bispos de Roma quando achava que estavam em erro doutrinário. Isso mostra que a autoridade deles não era vista como infalível.

 

 

A verdade sobre a sucessão apostólica à luz da Bíblia e Reforma

 

O que disseram os Reformadores?

Martinho Lutero foi enfático ao afirmar que a verdadeira sucessão é a fidelidade à Palavra de Deus, não uma linha de bispos:

“Onde está a Palavra, aí está a Igreja.” — Martinho Lutero

João Calvino, em sua obra As Institutas da Religião Cristã, defende que a sucessão visível só tem valor se for acompanhada de fé e verdade. Um herege com título eclesiástico não tem autoridade sobre ninguém.

 

A visão reformada sobre a liderança da Igreja

A sucessão apostólica segundo a Reforma parte de um princípio essencial: a autoridade da Igreja pertence a Cristo, por meio da Palavra.

Isso significa que:

  • Um pastor só tem autoridade se pregar o verdadeiro evangelho.
  • Uma igreja é verdadeira se for fiel às Escrituras.
  • A sucessão legítima é espiritual, não institucional.

Assim, mesmo igrejas pequenas e sem ligações com “linhagens” apostólicas podem ser plenamente legítimas, se estiverem firmadas na doutrina dos apóstolos (At 2.42 – ARA).

 

Onde entra Pedro nessa história?

Pedro foi sim um líder influente, mas nunca se declarou papa, nem superior aos outros apóstolos. Em suas cartas, ele se refere a si mesmo como “presbítero como eles” (1Pe 5.1 – NVI).

Além disso, quando Paulo o repreende em Gálatas 2.11-14 por hipocrisia, fica claro que Pedro não era infalível nem acima de correção.

 

Por que isso importa hoje?

Entender a sucessão apostólica segundo a Reforma nos livra da ideia de que a fé precisa estar vinculada a uma estrutura de poder. O que realmente importa é a fidelidade ao evangelho.

Isso nos convida a:

  • Examinar tudo à luz da Palavra (At 17.11 – NVT).
  • Valorizar a doutrina correta mais do que títulos.
  • Viver uma fé consciente, que pensa e busca entendimento.

 

 

Conclusão:

Qual é a verdadeira sucessão?

A verdadeira sucessão não está em uma lista de nomes, mas na continuidade da mensagem de Jesus através de gerações fiéis.

Se você faz parte de uma igreja que prega o evangelho puro, onde Cristo é o centro, e a Bíblia é a base — você já está dentro da verdadeira sucessão apostólica.

Reflita: sua fé está baseada em estruturas humanas ou na Palavra de Deus?

 

Compartilhe este artigo com alguém que precisa entender mais sobre a base bíblica da fé cristã.

 

Leia também no Transbordai sobre autoridade espiritual e discernimento bíblico

Citação sobre a sucessão apostólica em Irineu – veja em New Advent – Fathers: Irenaeus.

 

 

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